8:01 – É GUERRA mesmo! Muitos tiros.
8:06 – INTENSO TIROTEIO NESTE MOMENTO NO COMPLEXO DO ALEMÃO!
8:10 – São 3 helicópteros da polícia sobrevoando a comunidade.
Eu não imaginava que teríamos tanta repercussão”, disse à reportagem de ISTOÉ o estudante Renê Silva dos Santos, 17 anos. Ao expor a rotina da favela, com a autoridade de quem sente os problemas na pele, Renê acabou se tornando uma das principais vozes do morro nos últimos dias. Ele e os seus quatro amigos passaram a semana em programas de tevê e dando entrevistas para veículos nacionais e estrangeiros. “A comunidade ainda está tensa, mas já começa a ficar mais tranquila”, afirmou Débora Mendes, 11 anos, uma das colaboradoras do @vozdacomunidade, na tarde da quinta-feira 2. “Não queria morar em outro lugar porque adoro o Morro do Adeus. Mas acho que as coisas aqui poderiam ser um pouquinho diferentes. Deveríamos ter mais escolas, mais hospitais… essas coisas.” Embora sejam todos bem jovens, a turma de Renê aprendeu a tomar muito cuidado com as palavras. Falar ou escrever sobre o tráfico ou criticar a atuação da polícia, nem pensar. “Quero ressaltar que NÃO FIZEMOS NENHUMA DENÚNCIA sobre agressões no Alemão!” e “ATENÇÃO: A equipe do Voz da Comunidade não comenta nada sobre traficantes e nem policiais. Estamos sendo imparciais neste momento!” são alguns dos posts da segunda-feira 29. Renê criou o perfil @vozdacomunidade em setembro. A ideia era que funcionasse como uma espécie de extensão do jornal que tem o mesmo nome e é editado por ele desde 2005. Renê estava chegando à adolescência quando resolveu levar para a vizinhança o que aprendera na escola. “No início, o jornal tinha quatro páginas. Agora tem 16, é mensal e a tiragem é de dois mil exemplares. A próxima edição será em formato tabloide”, conta. “Não é difícil conseguir patrocínio. Publicamos anúncios de bares, restaurantes, mercados.” No periódico, há reportagens sobre saúde, gastronomia e perfis de moradores. Nada sobre criminalidade.